Tubos cheios de merda I

Após um longo período de labuta teórica onde resolvia uns integrais, usava umas fórmulas e, volta e meia vendia umas válvulas, decidi há cerca de 6 mesitos atrás enverdar pela carreira do obral. É um nadinha mais duro mas tem a vantagem de um gajo ganhar bronze sem ir ao solarium.
É precisamente neste meio que se encontram personagens que eu pensava que não existiam...
Estava eu ainda verde a tentar gerir uma reabilitações de tubos de esgoto quando deparei com o Zé, mais conhecido pelo Rato (de esgoto). Certo dia no centro de Lisboa, ficou dentro de um tubo algo que não devia ter ficado... Grave, muito grave?? Não pá, a malta chama o Zé Rato e o gajo vai lá dentro buscar a coisa. - disseram-me despreocupadamente.
Lá veio o Zé, entrou na caixa, pôs uma lanterna na cabeça e cá vai disto. Meia-hora depois saiu com a dita peça numa mão e com uma broca ainda acesa na boca. Paguei-lhe o almoço.
O gajo simpatizou comigo, não sei se pelo almoço se pelo facto de não lhe ter pedido uns bafos, mas o que é facto é que uns dias depois veio ter comigo com um telemóvel cheio de botões e de situações: Olha pra isto pá!! É um N Gage, man!!! Espectáculo!! Comprei-o ontem.. - disse-me com um entusiasmo desmedido.
Por esta altura já estava eu a pensar onde é que o gajo tinha gamado o aparelho, pensando mesmo em perguntar-lhe se não tinha prá troca.... Mas qual quê! O Zé Rato é homem sério. Tinha recebido o ordenado na véspera e foi passear com a cachopa ao shopping. Para a impressionar tinha dado 550 euros pelo telefone. Foi aqui que eu não aguentei e, sabendo que o gajo ganha por mês uns miseros 580 euros armei-me em parvo e pus-me com perguntas difíceis: Ò Zé, mas isso não é muito caro? E agora o resto do mês, pá? E o tabaco, e os almoços?
O sorriso desapareceu e o Zé respondeu: Eeeeeepppááááá, pois é.... e agora??
Mas de repente, quando eu já me tinha arrependido, o sorriso voltou e o Zé Rato disparou: Oh pá, que se lixe peço emprestado...
Ah granda Zé!!!