Anda cá quê nâ tâ'leijo!
Pequenas coisas que fazem os nossos dias diferentes!
Ora então... O pessoal que cá está, como eu, anda espalhado por várias cidades, em projectos diferentes. Um deles, o Artur (rapaz perseguido por qualquer alinhamento cósmico que lhe costuma trazer pequenos azares diários), está em Al-Bayda. Al-Bayda deve ser a quarta maior cidade do país, com umas ruínas romanas património da UNESCO e que, para os padrões locais, tem um aspecto limpo e ordenado, ou não fosse a cidade de origem da segunda mulher do chefe cá do sítio (parece que a senhora era enfermeira e, aquando de uma doença do líder, o avisou que o iriam tentar envenenar. Como recompensa pela acção pediu casamento... Os autores do crime partiram para parte incerta).
O Artur está em Al-Bayda a habitar com uns 6 libios, pelo que começou a achar que a casa estava a entrar num patamar de desarrumação insustentável. Como tal, perguntou no local de trabalho se não conheceriam alguém que pudesse ir lá a casa limpar a mesma. Uma jovem voluntariou-se pois necessitava do dinheiro. Normal... Assim, durante cerca de um mês a jovem lá ia, acompanhada do irmão, para não haver a hipótese de indecências, tratar de arrumar o sítio.
Um dia, estando também lá por casa o Fernando a dar uma ajuda no trabalho, tocam à campaínha. O Fernando que estava no quintal a limpar o equipamento vai abrir e... estão uns 6 tipos exaltados, mais 7 polícias, que irrompem pela casa adentro, aos berros, reclamando justiça! No meio da confusão, o Fernando lá consegue perguntar a um polícia o que se estava a passar e este responde que tinha sido avistada uma jovem a entrar na casa, pelo que se suspeitava que os estrangeiros tivessem arranjado uma profissional do sexo para lhes satisfazer as necessidades!
Os invasores partem à procura da jovem que estava dentro de casa e trazem-na cá para fora. Ao mesmo tempo vão dizendo que iam pegar fogo à casa e etc... Vai toda a gente para a esquadra, ao mesmo tempo que alguns polícias resolvem obrigar (!!) a jovem a deslocar-se ao hospital para confirmar se a sua virgindade continuava intacta... Felizmente, para o Artur e o Fernando, tudo parecia estar no sítio (talvez infelizmente para ela)! Entretanto fica-se a saber que os jovens iam mesmo atacar a casa e que alguém terá chamado a polícia para acalmar a situação... Na esquadra, o Fernando e o Artur vão tentando explicar que a jovem estava lá a limpar, blá, blá, blá, enquanto os locais contam que a tinham visto de soutien à mostra e outras inverdades do género... Chega a mãe da jovem, pedindo muitas desculpas aos estrangeiros pela confusão...
A policia lá acredita que os líbios nao batem bem da cabeça, mas não consegue garantir a segurança da casa, destacando apenas alguém para acompanhar o Artur e o Fernando enquanto estes retiram todas as suas coisas da casa. Assim fizeram. De um momento para o outro, abandonaram a cidade!
Uns dias depois ficam a saber que o suposto sexo ilícito mais não passou de uma desculpa dos locais, que estavam a ficar demasiadamente incomodados com o facto de haver líbios de Tripoli naquela casa, que saíam em carros novos e iam passear aos fins de semana. Ao mesmo tempo incomodava-os o facto de o dono da casa estar a fazer dinheiro com o arrendamento, homem este que terá recusado casamento entre a sua filha e o líder da rebelião!
Ou seja... Inveja...
Entretanto, a familia da jovem ofendida processa os policias por tal tratamento ignóbil! É preciso ver que por estas bandas não se pode sequer suspeitar da pureza das moças, sob risco de ninguém querer casar com elas! Estão presos... Os policias, entenda-se. Os outros ainda andam na rua!